segunda-feira, 25 de julho de 2022

abri o computador
e depois mil abas 
procurando um caminho para um salto, uma mudança, uma nova perspectiva
um projeto de futuro
um lugar para fazer mestrado, um curso, uma oportunidade, alguma luz, um ruído, um terremoto, uma fresta 

mas acabei abrindo o personare
e lendo o conselho do tarot, a previsão para os próximos dias, o que os astros e o algoritmo do site astrológico poderiam me dizer.

julho está voando, 
acabando praticamente. tô me esforçando, mas é sempre aquela sensação de que eu precisava me esforçar bem mais. hoje, dia vinte e cinco, meus pais completariam trinta e cinco anos de casados. quase cancelei a aula de inglês de daqui a pouco. não que uma coisa tenha a ver com a outra, foi só uma associação livre, leve e louca que fiz aqui. mantive o compromisso da aula para não cair em lamentação mais tarde fazendo o balanço das auto-sabotagens do dia. eu deveria buscar uma auto escola para reiniciar o processo da carteira de motorista, também.

ano que vem completo 33 e penso: então, o que posso fazer por mim? sou jovem, é certo, mas depois dessa pandemia ficou tudo tão relativo, digo, essa ilusão de ter a vida toda pela frente. quanto de frente a gente tem ainda. o personare não responde, o algoritmo não poderia saber. pelo menos isso. 

ontem li numa matéria da folha de são paulo que mc donald é o prato mais pedido pelos pacientes paliativos. hambúrguer, refrigerante e bata frita. li alguns comentários na reportagem. fiquei pensando no que eu pediria. comida é memória e afago. um abraço, um gesto de carinho. eu me emociono comendo. choro mesmo. minha mãe ri de mim quando mostro que estou arrepiado comendo algo preparado por ela. mc donald... eu pediria arroz, feijão, batata frita e feijão tropeiro, eu acho. ou purê de batata. moranga. preparado pela minha mãe.

cada coisa...


sábado, 2 de julho de 2022

chapado de rotina

um pouco de tédio, sim, talvez. 
hoje, terceiro dia de isolamento, terceira vez doente de covid,
quase com sintoma nenhum, a não ser um fôlego comprometido. tenho vontade de beber, mas o google informa: "cê vai avacalhar o esquema do sistema imunológico". aí, desisto. não quero estender as diárias desse vírus em mim, tampouco ficar com rastro dele, depois. gosto muito do meu fôlego. muito mesmo, pensei agora. talvez eu até sinta um pouco de vaidade por causa dele. 
não fosse a covid, a uma hora dessas eu estaria correndo.
desfilando meu fôlego por dez quilomêtros de um daqui-pra-lá que meus pés conhecem de cor. 
mais tarde eu beberia. uma garrafa de vinho. é essa a liturgia de quase todo sábado. limpar a casa, correr, beber uma garrafa de vinho, sentado, sozinho na cozinha. nos sábados de sorte, puxo um papo com o charles, pelo whatsapp. se ele estiver lá, a gente se bombardeia com um troca-troca de músicas. aquelas certas de fazer a gente chorar. quase sempre pelos amores quase vividos. ou vividos tortamente. ou vividos  só pela gente. ou...
a gente está numa fase sem paciência: com macho, com aplicativo de pegação, com o país, com gente rica, com gente que não lava o banheiro ou com gente alto astral demais. como pode isso em pleno Brasil de 2022? gosto de mandar mensagem bêbado para o charles porque ele é irmão de primeira hora e tem toda paciência pra sustentar o meu papo de bebum.
esses dias adoentado, sou eu quem tenho recebido as mensagens etílicas dele.
há três noites que o charles nos arrasta para uns poços sem fundo.
explico: quarta o assunto foi, claro, o quanto somos fodidos no amor. quinta, "ké ki a gente tá fazendo da nossa vida" - e isso inclui a carreira (acadêmica ou não) e adjacências. ontem, a terra arrasada que é o grindr. não sei se hoje teremos sessão. a ver.
falando em grindr, baixei o tinder. 
pela milionéssima vez.
daqui a pouco eu apago.
baixei pra me despistar. me enganar. me frustrar. não sei. 
2022 e eu ainda caio nessa.
são sempre os mesmos tipos, os mesmos papos, os mesmos boys.
melhora um pouco quando ultrapasso as opções já conhecidas de betim. 
um pouco lê-se quase nada. 
pus uma foto de sunga dentre as minhas fotos de perfil como se isso pudesse me salvar do ostracismo. apelo fácil. tá fácil pra ninguém. que vergonha eu fico.
acabei de ler como nome de um perfil "o sigilo é a garantia do raplay",
é isso, camarada.
dificílimo.
terrível!
péssimo!
mas é isso:
meio ano já foi, julho taí, frio como sempre. às vezes, sinto a vida toda estagnada. era pra eu estar correndo ouvindo foro de teresina, não estou, paciência. meus vizinhos farão uma festa junina comunitária e eu não consegui mandar no grupo que eles criaram um "obrigado por me convidarem". às vezes, sou meio maldito, apesar de quase sempre escrever coisas lúdicas. eu poderia estar escrevendo algo mais útil também. mas tô um pouco cansado de escrever de maneira útil. lúdica. encomendada. e hoje é sábado.
de alguma forma, a gente precisa se divertir e - se puder - ficar chapado. 
eu acho, 

abri o computador e depois mil abas  procurando um caminho para um salto, uma mudança, uma nova perspectiva um projeto de futuro um lugar pa...